Pensamento Crítico

Determinando a Confiabilidade de uma evidência

Determinando a Confiabilidade de uma evidência
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Pensamento Crítico
(série de 4 partes)

Um pouco de Pensamento Crítico
Determinando a Confiabilidade de uma evidência
Ponderando a relevância de uma evidência
Avaliando a validade do seu caso

O que pode impactar na confiabilidade de uma evidência? Aqui vou levantar três pontos e vamos discutir sobre eles.

  1. Dados ruins
  2. Preconceitos sutis
  3. Confusão entre Confiabilidade e Precisão

Dados ruins

Dados ruins podem vir de um universo pequeno ou não representativo.

Esse é um ponto muito interessante que pode ser visto em algumas discussões na #BolhaDev do Twitter, alguns engenheiros que trabalham no vale do silício acreditam que todas as politicas que eles usam por lá pode ser aplicadas em empresas aqui no Brasil.

Porque isso é um erro de dados ruins?

Porque as característica da mão de obra de lá são completamente diferentes das característica da mão de obra que temos aqui. Qualquer empresa brasileira tem um problema de seleção de mão de obra que implicará na um qualificação inferior a desejada e alto turnover. Enquanto no vale do silício esses problemas podem ser contornados com a importação de mão de obra qualificada. É complicado supor que qualquer politica possa ser simplesmente usada em contextos tão distintos. Isso pode ser contornado ao se analisar as característica do universo a ser fruto da nossa análise. Nossa amostra representa o universo?

Para nos previnirmos de dados ruins, precisamos sempre procurar informações, estudar o universo em questão. Se estamos aplicando conhecimento de uma área em outra, se o contexto mudou, precisamos primeiro nos contextualizar antes de omitir opinião ou decisões.

Mudanças de contextos são sutis e podem acontecer mesmo quando não percebemos.

Preconceitos sutis

Preconceitos sutis também afetam a confiabilidade das nossas evidências.

Vamos voltar ao caso dos engenheiros do vale do silício? Quando você vê uma FAANG no curriculo, você já supõe que eles são bons engenheiros, correto? E o que você supões por engenheiros que nunca trabalharam fora do país?

Eu não preciso das respostas para saber que qualquer pessoa tem preconceitos.

Isso acontece porque o nome Vale do Silício traz uma autoridade, mas não é uma garantia automática de qualidade. Confiar em autoridade pode ser um problema, porque não é uma boa ferramenta. A pergunta que devemos fazer é: qual seria uma boa ferramenta para qualificar bons engenheiros? Se encontrar uma resposta, podemos fugir da falácia chamada Argumento de Autoridade. Ela é representada por uma contrução comum: Y é bom porque é tem a origem X.

Argumentos e Falácias

Preconceitos sutis podem vir de coisas que não gostamos. Vamos mudar nosso exemplo, se eu por exemplo não gostar de produtos de uma determinada empresa X, mas tiver uma boa experiência com produtos da empresa Y, ao escolher um novo produto vou ter que levantar todas as opções possíveis. Com certeza o novo produto da empresa X será preterido mesmo ele sendo melhor que o da empresa Y. Não vou dar nome aos produtos, mas vamos pensar em provedores de Cloud, temos três grandes players no mercado, e é bem provavel que nossa escolha se paute no preconceito.

Confusão entre Confiabilidade e Precisão

E por fim podemos confundir precisão com confiabildiade.

Se temos alguém em nosso time que é preciso nas suas respostas, usa palavras diretas e tem argumentos claros para defender suas posições podemos supor que essa pessoa está sempre correta?

E se temos outra pessoa que não é preciso em suas respostas, e, ao defender sua posição, coloca dúvida em certos pontos, é ponderada em outros e apresenta várias opções. Seria essa pessoa menos confiável que a primeira?

Precisão não é confiabilidade, o primeiro integrante pode não ter ponderado nos pontos negativos da sua decisão, enquanto o segundo pode ter avaliado todos os pontos negativos por isso tem mais dúvidas sobre a adoção de uma solução ou não.

É mais confiável aquele que ponderam sobre as qualidades positivas e negativas de uma solução. Quem se foca nas qualidades negativas será mais impreciso em suas decisões, mas essas decisões serão mais embasadas, pois as qualidades negativas foram bem exploradas.

Outra forma dessa confusão aparecer é quando temos um leque maior de possibilidades, a decisão pode parecer mais precisa qusndo limitamos as nossas opções de escolha, expandir as possibilidades leva a mais probabilidade de dúvida.

Essa confusão gera uma dificuldade cognitiva, somos propensos a escolher pelo que é preciso. E como podemos decidir se temos uma dificuldade cognitiva?

Nessas situação não podemos decidir baseado em nosso subconsciente, mas analisando friamente prós e contras de cada opção.

Outra ferramenta para vencermos essa confusão é separar decisão de afeto. Somos levados a confiar em pessoas próximas, mas proximidade não significa confiança. Nem sempre meus amigos estão certos. Essa é uma característica exarcebarda nos povos latinos e por isso, nós brasileiros precisamos ter muito cuidado com as vozes amigas. Não que elas sejam maliciosas, longe de mim afirmar isso, mas quando precisamos tomar decisões críticas precisamos de confiabilidade. Toda decisão merece uma análise.

E se só tivermos uma opção? Quando temos uma opção, na grande maioria das vezes, não significa que temos só uma opção, mas que houve uma curadoria prévia. Algumas empresas criam processos para tomadas de decisões e nesses processos envolvem a escolha de ao menos três soluções alternativas. Essa é uma boa ferramenta para evitarmos ser enganados pela curadoria externa.

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Escrito em 10/novembro/2021